Livro I: Criptídeos
Tudo começou com a água e suas infinitas metáforas: a força que transforma e destrói, que muda e se adapta, e, acima de tudo, transita entre mundos — o aquoso e o urbano. Essa dualidade estava presente no trabalho fotográfico que deu início ao nosso prólogo, a nossa primeira exposição.
Durante o vernissage, percebi que aquilo não era apenas um tema que orientava a mostra. Era algo maior. Algo sobre o que aqueles dois mundos simbolizavam. Especialmente para aqueles que, como eu, se viam representados nesses espaços, mas também alheios a eles. Era algo sobre o ato de transitar entre lugares e identidades, e sobre aqueles que nunca entenderam o que é viver nesse entremeio.
Para quem não conhece essa capacidade, de ir do rio à cidade, do Norte ao mundo, parece como observar uma criatura mágica, saída diretamente do folclore regional: um boto, uma sereia, um criptídeo.
Essa foi a grande epifania: um ser mítico, uma metáfora que nasce na água e migra para a terra, como a sereia.
O mito da sereia é o coração das histórias que escreveremos juntos ao longo desta primeira narrativa. Histórias que refletirão ciclos, mudanças, múltiplas perspectivas e o que constitui homens, mulheres e aqueles que habitam entre a água e o concreto. E esse tema, não é apenas uma narrativa, mas uma representação do próprio cerne da marca, cuja proposta é criar um lugar de antologias vestíveis, onde diferentes histórias podem se encontrar e escrever um livro compartilhado de nossas vivências e memórias.
Bem-vindo ao nosso primeiro livro, cujos capítulos logo estaremos usando.
Bem-vindo, Criptídeos.