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Inspirado no mito da sereia, o texto conta a história de Lee Miller, que rompeu o silêncio imposto às mulheres. De modelo da Vogue nos anos 1920 a fotógrafa de guerra, ela transformou o olhar que antes a reduzia a musa em instrumento de criação e denúncia. Suas imagens — dos experimentos surrealistas às ruínas da Segunda Guerra — ecoam como o canto de uma sereia que finalmente encontrou sua voz.

A carne da sereia: mito, desejo e silêncio
Do folclore japonês às tradições europeias, a carne da sereia simboliza mais do que imortalidade: revela medos e fantasias sobre o corpo feminino, sua voz e sua boca. Entre interditos religiosos, mitos de poder e a obsessão humana por transcendência, a figura da sereia se torna ameaça e desejo — uma mulher que não se deixa digerir nem calar.

O autor conta como a beleza da vida só se revelou após um trauma: sobreviver a um transplante abriu espaço para ver o belo, mas trouxe junto o medo constante da perda e a urgência de criar um legado.

O mito da sereia revela a força de existir mesmo sem voz. Mais que um conto de amor, é uma metáfora sobre corpos dissidentes e invisíveis, que desafiam as normas simplesmente por estarem presentes.

O Brasil abriga a maior concentração de povos isolados do mundo, com mais de 110 registros. Eles sabem da nossa existência — ouvem aviões, veem rastros na floresta — mas escolhem permanecer à parte. Esse isolamento não é atraso ou ignorância: é resistência e sobrevivência diante de séculos de violência, doenças e espoliação causados pelo contato com a sociedade envolvente.
Apesar disso, insistimos em transformá-los em curiosidade científica, mito ou ameaça, como se fossem relíquias ou lendas vivas. O fascínio pelo desconhecido revela mais sobre nossa necessidade de controlar e expor do que sobre eles próprios. O verdadeiro risco não está na floresta, mas no homem que invade seus territórios.
A Funai e outras frentes de proteção tentam equilibrar vigilância e respeito, cientes de que o contato quase sempre resulta em destruição cultural e física. Proteger os povos isolados significa reconhecer sua soberania e seu direito de existir em silêncio, livres das mazelas do mundo exterior.
Talvez o enigma não esteja em suas aldeias ocultas, mas em nossa incapacidade de aceitar que alguém escolha, consciente e livremente, permanecer invisível.

A Souedo lança sua primeira coleção, “Criptídeos”, trazendo a sereia como figura central — um símbolo que atravessa desejo, deformação e silenciamento histórico. Inspirada pelo filme Mermaid in the Manhole (1988), a marca provoca reflexões sobre o corpo feminino, a estética colonial e o apagamento simbólico dos povos originários. Com narrativa profunda e estética crítica, a Souedo ressignifica mitos como a sereia, conectando moda, arte e ancestralidade amazônica. Uma coleção que não apenas veste, mas também questiona e revela.