
Oitavo Oceano: Um Poema Sobre a Mente, Solidão e Passagem
(imagem capa). Créditos: À Deriva — Fotografia analógica por Daniel Azevedo. Acervo Souedo.
Poema escrito em 26 de abril de 2025.
Minha mente é um oceano no qual sempre afundo quando tento decifrá-la.
Meus pensamentos são tormentas perigosas para qualquer marinheiro.
As memórias agitam as ondas, as sinapses amedrontam esse oceano na escuridão.
Talvez eu, e não apenas minha mente, seja o próprio oceano. —
Somos um oitavo oceano nesta Terra.
Por isso não crio laços, não cultivo amores, não conservo amigos.
Sou apenas um porto:
um lugar de passagem, cujo farol, solitário, ilumina meu oceano e atrai — fatalmente — marinheiros e embarcações cargueiras.
Ilumina-os, para que possam partir em segurança,
rumo a um lugar onde, enfim, possam se firmar,
Nem eu — que sou eu — suportaria estar preso em minhas próprias tormentas, quanto menos os outros.
Sou difícil de navegar.
Mas ainda fluo.
Ainda posso — e às vezes quero — transbordar.